Queixas Sensoriais Bucais e Práticas Integrativas
Publicado em : 20/06/2017
Autor : Marignês Theotonio S. Dutra
A Odontologia provavelmente se encontra no seu melhor momento, agregando conhecimento que devolve a boca ao corpo na busca da Harmonização da Saúde, incluindo estética e bem-estar.
Com foco em grandes avanços tecnológicos, a Odontologia salta da cavidade bucal e o dentista retoma seu papel como promotor de saúde, aplicando técnicas extrabucais para tratamentos estéticos e funcionais, como, por exemplo, a Laserterapia, o uso de toxina botulínica e a Modulação Hormonal. Associa-se com profissionais biomédicos, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, acupunturistas, esteticistas, terapeutas holísticos... Neste contexto, vamos discutir queixas sensoriais bucais, como halitose (mau hálito), xerostomia (boca seca) e disgeusia (boca amarga).
As QSBs (queixas sensoriais bucais), em geral, acometem indivíduos de gêneros diferentes, várias faixas etárias e condições socioculturais, dando a conotação de que não existem grupos específicos, e sim quadros ou condutas propícias ao desenvolvimento dessas condições. Pelo fato das causas, em geral, estarem associadas a desequilíbrios, seja por questões locais (intrabucais) ou sistêmicas (extrabucais), torna-se necessária uma organização do conhecimento abrangente que todos os profissionais da saúde devem ter, como o olhar para o paciente, e não somente para a queixa, ampliando e buscando auxílio esclarecedor para os colegas promotores de saúde que podem ser envolvidos em cada caso individual.
É sabido que, para se estabelecer um diagnóstico das queixas sensoriais, é necessária uma entrevista detalhada em que o profissional da saúde auxilia o paciente a relembrar todos os fatos que se relacionam com a queixa e com o comportamento do paciente em relação à sua saúde. A esta entrevista dá-se o nome de anamnese. Além disso, alguns exames específicos na cavidade bucal e orofaringe se fazem necessários, incluindo as condições salivares, no intuito de se buscar sinais que estabeleçam uma conexão com a queixa.
O histórico do paciente, em relação ao funcionamento dos sistemas orgânicos e seus hábitos e costumes, dá suporte aos sinais e orienta a conduta do profissional responsável para o tratamento.
Por se tratar de condições multifatoriais, existem questões multidisciplinares a serem consideradas em muitos casos, pois, para que se tenha previsibilidade de manutenção dos resultados obtidos, há de se acompanhar as novas condutas sugeridas. Considerando-se o perfil do paciente e a sua disposição às práticas complementares que darão suporte ao resultado do tratamento, podemos sugerir práticas integrativas, cujo conceito se encaixa perfeitamente nesse contexto, pois vai de encontro ao bem-estar físico, mental e espiritual.
Tais práticas são procedimentos baseados no conceito da Medicina Integrativa, que reafirma a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde, foca na pessoa em seu todo, é informada por evidências e faz uso de todas as abordagens terapêuticas adequadas, profissionais de saúde e disciplinas para obter o melhor da saúde e cura (Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine, EUA).
Através das práticas integrativas, o corpo encontra mais rapidamente o seu equilíbrio e homeostase. Esta é definida como a habilidade de manter o meio interno em um equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo. O meio interno, por sua vez, é definido como os fluidos que circulam pelas nossas células, o chamado líquido intersticial. Em organismo equilibrado, circulam menos toxinas, denominadas radicais livres, que podem reduzir a imunidade e comprometer a engrenagem que rege nossa saúde com várias repercussões pelo organismo.
Dessa forma, repercussões bucais como a presença de bruxismo, alterações salivares, sensações como ardência, secura e gosto ruim, podem ter o tratamento suportado por terapias que buscam esse equilíbrio, como a laserterapia sistêmica e até mesmo práticas como Yoga, meditação, relaxamento e drenagem linfática.
Essas práticas podem até substituir ou dar suporte aos procedimentos convencionais como medicações e produtos. Tudo passa ser a critério de quem prescreve (conhecimento) e de quem vai receber (motivação). Nesse sentido, nossa responsabilidade, enquanto promotores de saúde, é buscarmos no perfil de cada paciente a melhor resposta para suas queixas.
Marignês Theotonio S. Dutra
Mestre em Clínica Odontológica Integrada